joão tamura - Silêncio
Outono contado por João Tamura e Cláudia Santos.
Letra:
Enquanto encordava cada uma das Andorinhas, Silêncio pensou na sua mãe. A partir daí não havia volta atrás. Já o havia tentado com balões -- uns coloridos que comprara na feira, certa noite com o avô -- mas estes não o voaram.
Após adormecer costumava visitar esses tais planetas. Esses tais dos candeeiros. Aqueles a que a Rita chama de estrelas.
Poucos crescidos se lembram de que foram crianças. Envelhecer é vida. Crescer é opção.
Uma tarde, a velhinha disse-lhe que a beleza podia ser medida consoante a força com que esborrachas o nariz contra um vidro.
A pirata maquilha-se todas as manhãs. A sua corrida pelas cearas é planeada até ao mais ínfimo pormenor.
- São mentiras de adultos -- Diz-lhe, enquanto as roupas lhe caem aos pés.
Talvez assim o Shire seja mais belo...
O mundo cai-lhe da palma da mão. Parte-se. Inunda a cidade. Montam-se. Casas. Sexo, drogas e música clássica.