Ikonoklasta - Nós e os Outros
Letra
Foram vocês que me inspiraram esta letra
O silêncio dos vossos gritos é laminado, aleija!
É um apelo ao bom senso, pois um gesto vosso apenas,
salvaria muita gente de bater a caçuleta.
Entre vocês tem muita merda,
mas também tem gente atenta,
manos com uma pinga de consciência.
Nossa Angola tem doença, que sinal precisam mais?
Quando calam o que pensam pra não comprometer os pais?
Pra não comprometer emprego, pra evitar perder amigos,
pra não perder clientes na equipa dos bandidos.
Pra manter o kafokolo (bolso) não podem ter o escape roto
Pra manter o vosso biolo (negócio) pra manter o vosso poiso.
Pra não criar mau clima em casa,
Falam de novela e Barça, esquecem sempre do mal que nos devasta,
E esse é o mal que nos afasta,
Mas não tem que ser assim,
Há momentos na vida em que urge nos definir.
A família quer proteger, nao há mais natural que isso,
Ameaçam cortar mesada, expulsar-vos do kubico,
mas proteger de quê, se o país é livre é dito?
Só tá a mostrar a cagada de um governo de assassinos.
Discordam dos métodos sem justificar porquê,
O conforto é viciante, quem abre mão de ser buguês?
Oh desculpem se me precipito em sugerir uma resposta,
Que vocês insistem em não ouvir quando o subconsciente vos incomoda.
Que método melhor tem para substituir viver com honra?
Não se deseja mal a alguém, mas engasguem-se com a lagosta,
E engatem uma sidosa, pra também bater no fundo,
Talvez aí entendam a filosofia ubuntu.
O discurso do nós e os outros é divisionista e perigoso
Assenta no sobranceirismo paternalista e demagogo
Instiga ao ódio, dá um rótulo depreciativo e hediondo
Quando os "outros" decidirem ser "nós", vai pegar fogo!
O M mantém o kota aí,
nos finta e bumba esquemas.
Mas será que o kitumba descobriu a vida eterna
Querem sempre protelar a solução pro problema.
Mas a ferida se não se cura poderá criar gangrena.
E só uma mente entorpecida, com 30 anos de anestesia
É incapaz de encontrar UM angolano de alternativa.
Mas que porra de país sem perspetiva,
Que acha que sem o zé escorregamos na ravina.
E ver quem engrossa o coro é o mais angustiante,
Pois lá estão os diplomados cantando "instabilidade"!
Mas a instabilidade só quem pode promover,
É a irresponsabilidade de quem se agarra no poder.
E nem consegue mais fingir que não sabe aceitar crítica,
Vai logo reagir, punindo com raiva e malícia
E o que se está a conseguir com a constituição atípica
É metê-la ao mesmo nível do que um livro do Patinhas!
Tão a ver aqueles filmes onde um wí mata um outro dred assim, por acidente, mas como ninguém lhe viu, tenta encobrir? Talha o dred aos pedaços e lhe atira numa banda. Yá é assim que estão os nossos dirigentes. Só que a cena do crime está suja e eles estão a entrar em pânico.
Zé dú deve escolher entre Khadaffi e Ben Ali,
Qual dos dois comportamentos acabará por preferir?
E os esbirros vão moscando,
Zzzz, zzzz , sempre a zumbir,
Agitando ao "arquiteto" para nos por a dormir.
E é aí que vocês entram, gente rara,
Vossos pais não vão dar bala se vocês perderem o cú e derem a cara,
Vivemos na corda-bamba, segurando a vara
E se o mambo ruir é a vossa ação que nos ampara.
Agora pára, pensem um pouco,
não deixem o coração disparar,
preferem a culpa e o remorso quando cairmos com as rajadas?
A responsa(bilidade) é um colosso, não diz "não posso fazer nada".
Agora têm um papel, que vão fazer, virar a cara?