Big Bang ,o festival de música para crianças
Serrotes, cactos, copos de vidro e água transformam-se em instrumentos e ajudam a compor música — é o espectáculo Norm, que vem da Noruega. A dança transforma-se em música e esta torna-se visível — é o espectáculo de dança e música Echoa. Vem de França e faz perguntas. Como dança um percussionista? Qual é o som de um bailarino?
Começa esta sexta-feira a 3.ª edição do Big Bang, Festival Europeu de Música e Aventura para Crianças, que abre às 10h com a Bigodes Band. Aviso: “Têm números perigosos, cantam, discutem muito, dançam o samba, emocionam-se!”
Lá para o fim do festival, a esta banda junta-se outra, a Big Band Junior, um projecto do Centro Cultural de Belém (CCB) em parceria com o Hot Clube de Portugal. “Unidos pelo seu amor ao swing”, escreve-se na divulgação, “juntam-se num Big Bang histórico (…), numa espécie de ritual de iniciação, na passagem do buço para o bigode, as duas bandas misturam reportórios, improvisações e delírios fellinianos.”
O primeiro dia do Big Bang é destinado a escolas e o segundo a famílias. No ano passado, contabilizaram-se 8446 presenças, entre crianças e adultos que as acompanharam (no total, houve 47 sessões de 8 espectáculos, 10 sessões de duas oficinas, 12 sessões para outras actividades).
Antes do festival, os professores são convidados a participar em oficinas com os músicos que actuarão no CCB, não apenas para formação própria, mas para irem preparando as crianças para o que irão assistir. A professora de Música Rita Oliveira (27 anos), da Escola Básica de Birre (Cascais), quis repetir a experiência do ano passado: “O Big Bang ajudou-me a desconstruir a forma tradicional de aprender e de ensinar. Libertou-me da formação clássica e fez-me descobrir uma linguagem não convencional.”
A professora (que toca fagote) destaca a Companhia de Música Teatral: “O projecto Gamelão foi uma experiência inspiradora. É um grupo muito criativo e foi fantástico tê-los ali a tocar para nós.” Também valorizou “o dia dedicado à guitarra portuguesa”. Uma preparação para Espelhos, espectáculo de música e artes plásticas, de Pedro Moura, que pretende ser uma viagem ao universo musical de Carlos Paredes.
“O mais importante”, prossegue Rita Oliveira, “é este tipo de espectáculos ajudar a ‘abrir a cabeça’ às crianças. É uma experiência muito interactiva, desafia a interpretar, a criar, a compor”.
Para a educadora de infância Clara Capitão (Externato Abelinha, Costa da Caparica), que também repete a experiência este ano, o Big Bang “modifica completamente a perspectiva dos miúdos sobre a música”. E conta como muitos deles “passaram a identificar o CCB como a casa que conheceram através do festival”.
No ano passado, depois de construírem os seus próprios instrumentos, “os miúdos começaram a perceber que há muitas formas de se fazer música e que ela está por todo o lado”, lembra. “Eu também ganhei uma visão diferente do que se pode fazer com as crianças. Vi como cada músico trabalha com materiais diferentes e agora também me aventuro.” Conta com entusiasmo a formação deste ano: “Foi óptimo ter os músicos disponíveis para nós. Ganhámos imenso.”
A educadora suspeita ter sido “a primeira a comprar bilhetes” para o festival. Quer voltar a ver os mais novos “a distinguirem os sons, a perceberem o que é e não é barulho e a aperceberem-se de que a música é algo que soa bem”. E, sobretudo, observar o efeito que tem nos miúdos o contacto directo com os músicos. Clara Capitão acredita que “nenhuma criança fica igual ao que era depois de estar num festival assim”.
O Big Bang é patrocinado pelo Programa Cultura da União Europeia e tem a participação de 120 artistas de sete países: Alemanha, Bélgica, França, Grécia, Hungria, Noruega e Portugal.
Noticia do Público