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A Música Portuguesa

Em terras Em todas as fronteiras Seja bem vindo quem vier por bem Se alguém houver que não queira Trá-lo contigo também

A Música Portuguesa

Em terras Em todas as fronteiras Seja bem vindo quem vier por bem Se alguém houver que não queira Trá-lo contigo também

"Um músico não pode deixar de estudar"

 

Cantora de 27 anos, chegou a considerar o jornalismo, mas dedicou-se ao jazz, tendo estudado no Conservatório de Amesterdão.

 

Ainda mal tinha largado as fraldas e já era notório que Joana tinha sido prendada com uma bela voz, que exercitava com gosto repetindo os cantares alentejanos que os pais lhe ensinavam. E, pouco depois de ter deixado de ser analfabeta, logo começou a escrever poemas. Juntando a boa voz com o gosto pelo canto e o prazer da escrita, talvez estivesse escrito nas estrelas que Joana Espadinha, 27 anos, se iria licenciar em jazz no Conservatório de Amesterdão e daria o nome a um quinteto.

 

Filha mais velha do matrimónio entre dois alentejanos (ela de Serpa, ele da Vidigueira), que se conheceram no Liceu de Beja mas só começaram a namorar em Lisboa, onde cursaram História, Joana cresceu em Cascais numa família com queda para a música - o irmão é guitarrista de jazz e a irmã toca piano clássico.

 

Aos 12 anos vemo-la no coro dos Pequenos Cantores do Estoril. Quatro Verões mais tarde já está a liderar os Mind Astray, uma banda de covers, formada na Secundária de Cascais, com um repertório que se baseava em êxitos dos Cranberries, Bryan Adams e por aí adiante... Sheryl Crow e Ben Harper eram dois dos seus cantores favoritos.

 

Hesitou muito quando chegou a altura de escolher o curso. Era apaixonada por música e pela escrita. Encarou ser jornalista. Ainda que um bocado contrariada, deixou-se convencer pelo argumento de que muitos jornalistas eram juristas, e matriculou-se em Direito.

 

Foi uma enorme chatice. "Toda a gente me conhecia por estar sempre a adormecer nas aulas", conta Joana, que, por altura do 3.º ano, começou a acumular as aulas de Direito com as de canto, na escola do Hot Club, prometendo aos pais que isso não iria pesar mais no orçamento familiar.

Durante os três anos em que estudou jazz no Hot Club, pagou as propinas com o dinheiro poupado das prendas de anos e Natal, mas também com a voz - actuava no Coro SOS, que abrilhantava casamentos e conferia uma solenidade a enterros ("nos funerais não cobrávamos cachet"), e, pela mão do baterista Gualdino Barros, começou a cantar em público um reportório de standards celebrizados por Billie Holiday, Carmen McRae, etc.

 

Já sabia perfeitamente o que queria fazer quando acabou Direito, em 2006, e não se deixou convencer das vantagens em, pelo sim pelo não, fazer o estágio de advocacia. Decidiu ir estudar jazz no Conservatório de Amesterdão com a mesma determinação com que insistiu em encomendar o magret de pato, apesar de ter sido aconselhada a optar pelas costeletas de borrego pela chefe de mesa do Rossio, o restaurante do último andar do Altis Avenida.

 

"Guiar com muita atenção à música pode ser perigoso", gracejou Joana, quando comentávamos que a maioria das pessoas raramente consome a música como actividade exclusiva, mas sim como banda sonora, quando está a estudar, comer, ler, trabalhar ou conduzir - no carro, ela gosta de ouvir a Europa-Lisboa e a Marginal.

 

Na escolha de Amesterdão pesou não só a boa reputação do seu Conservatório, mas também o dinheiro. Senão teria preferido a Manhattan School of Music. Durante os quatro anos em que viveu em Amesterdão, foi praticamente auto-suficiente - o praticamente justifica-se pelo facto de a mãe lhe ter pago algumas viagens a Portugal. Joana beneficiou da generosidade do Estado holandês (que oferece aos trabalhadores um cartão para os transportes públicos e uma bolsa mensal de 250 euros), não desperdiçava uma hipótese de ganhar dinheiro a cantar, e trabalhou em restaurantes - num argentino (em que só lhe davam frango para comer) e num mexicano (galo, pois ela não gosta de comida picante).

 

A conversa ia boa, mas teve de ser interrompida, pois às 15.30 Joana tinha de dar uma aula de Canto a Oeiras. Em Julho do ano passado, quando regressou de Amesterdão, foi dizendo que sim a tudo e acabou a dar por ela professora em quatro escolas (Hot Club, Crescendo Musical, Interartes e Centro Musical de Cascais). "Gosto de dar aulas, mas não posso dedicar-lhes tanto tempo. Um músico profissional não pode deixar de estudar senão estagna", concluiu Joana, uma música que toca voz - ou, se preferirem a expressão feliz de Bernardo Moreira, toca garganta

 

Retirado do DN

 

 

 

 

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