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A Música Portuguesa

Em terras Em todas as fronteiras Seja bem vindo quem vier por bem Se alguém houver que não queira Trá-lo contigo também

A Música Portuguesa

Em terras Em todas as fronteiras Seja bem vindo quem vier por bem Se alguém houver que não queira Trá-lo contigo também

02 Set, 2013

UHF - Vernáculo

 

Letra

 

Estou cansado, pá
Cansado e parado por dentro
Sem vontade de escolher um rumo
Sem vontade de fugir
Sem vontade de ficar
Parei por dentro de mim
Olho à volta e desconheço o sítio
As pessoas, a fala, os movimentos
A tristeza perfilada por horários
Este odor miserável que nos envolve
Como se nada acontecesse
E tudo corresse nos eixos.
Estou cansado destes filhos da puta que vejo passar
Idiotas convencidos
Que um dia um voto lançou pela TV
E se acham a desempenhar uma tarefa magnífica.
Com requinte de filhos da puta
Sabem justificar a corrupção
O deserto das ideias
Os projectos avulso para coisa nenhuma
A sua gentil reforma e as regalias
Esses idiotas que se sentam frente-a-frente no ecrã
À hora do jantar para vomitar
O escabeche de um bolo de palavras sem sentido
Filhos da puta porque se eternizam
Se levam a sério
E nos esmigalham o crânio com as suas banalidades:
O sôtor, vai-me desculpar
O que eu quero é mandá-los cagar
Para um campo de refugiados qualquer
Vê-los de Marlboro entre os dedos a passear o esqueleto
Entre os esqueletos
Naquela mistura de cheiros e cólicas que sufoca
Apenas e só -- sufoca.

Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.

Estou cansado de viver neste mesmo pequeno país que devoram
Escudados pelas desculpas mais miseráveis
Este charco bafiento onde eles pastam
Gordos que engordam
Ricos que amealham sem parar
Idiotas que gritam
Paneleiros que se agitam de dedo no ar
Filhos da puta a dar a dar
Enquanto dá a teta da vaca do Estado
Nada sabem de história
Nada sabem porque nada lêem além
Da primeira página da Bola
O Notícias a correr
E o Expresso, porque sim!
Nada sabem das ideias do homem
Da democracia
Atenas e Roma
Os Tribunos e as portas abertas
E a ética e o diálogo que inventaram o governo do povo pelo povo
Apenas guardam o circo e amansam as feras
Dão de comer à família até à diarreia
Aceitam a absolvição
E lavam as manápulas na água benta da convivência sã
Desde que todos se sustentem na sustentação do sistema
Contratualizem (oh neologismo) o gado miúdo
Enfatizem o discurso da culpa alheia
Pela esquizofrenia politicamente correcta:
Quando gritam, até parece que se levam a sério
Mas ao fundo, na sacristia de São Bento
O guião escrito é seguido pelas sombras vigentes. 

Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.

Estou farto de abrir a porta de casa e nada estoirar como na televisão
Não era lá longe, era aqui mesmo
Barricadas, armas, pedradas, convulsão
Nada, não há nada
Os borregos, as ovelhas e os cabrões seguem no carreiro
Como se nada lhes tocasse -- e não toca
A não ser quando o cinto aperta
Mas em vez da guerra
Fazem contas para manter a fachada:
Ah carneirada, vossos mandantes conhecem-vos pela coragem e pela devoção na gritaria do futebol a três cores
Pelas vitórias morais de quem voa baixinho
E assume discursos inflamados sem tutano.

Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente.

Estou cansado, pá
Sem arte, sem génio, cansado:
Aqui presente está a ementa e o somatório erróneo do desempenho de uma nação
Um abismo prometido
Camuflado por discursos panfletários:
Morte aos velhos!
Morte aos fracos!
Morte a quem exija decência na causa pública!
Morte a quem lhes chama filhos da puta!
- E essa mãe já morreu de sífilis à porta de um hospital.
Mataram os sonhos
Prenderam o luxo das ideias livres
Empanturraram a juventude de teclados para a felicidade
E as famílias de consumo & consumo
Até ao prometido AVC
Que resolve todas as prestações:
Quem casa com um banco vive divinamente feliz
E tem assistência no divórcio a uma taxa moderada pela putibor.
Estou cansado, pá
Da surdez e da surdina
Desta alegria por porra nenhuma
Medida pelo sorriso de vitória do idiota do lado
Quando te entala na fila e passa à frente
É a glória única de muita gente
Uma vida inteira...

Eleitos, cuidem da oratória...

(António Manuel Ribeiro)

* Baseado no poema "Vernáculo" do livro "O Momento a Seguir", edição Sete Caminhos (2006) -- contém expressões do português vernáculo.

Tema incluído no álbum "A Minha Geração" (2013) - editado em 24/06/2013.

Casa da Música


Os festivais de verão podem ter acabado mas setembro, no Porto, é mês de reabertura da Casa da Música que oferece dois concertos à cidade, é mês de D' Bandada e do aniversário do Hard Club.

 

A Casa da Música que, como habitualmente, esteve encerrada para férias em agosto volta aos concertos na quinta-feira, com a Orquestra XXI, que reúne meia centena de músicos portugueses que tocam fora do país.

 

A Orquestra XXI é a vencedora do concurso de Ideias de Origem Portuguesa, promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian e depois de tocar em Tibães, Braga, e no Porto, vai atuar nos dias seguintes no Mosteiro da Batalha e no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

 

Mas é na sexta-feira que a Casa da Música e Câmara do Porto oferecem o primeiro de dois concertos à cidade. Os Concertos 1ª Avenida decorrem em plena avenida dos Aliados, com entrada livre. No primeiro, o guitarrista Kurt Rosenwinkel junta-se à Orquestra Jazz de Matosinhos e o programa inclui a estreia de três novos arranjos de Pedro Guedes e Carlos Azevedo sobre temas do celebrado instrumentista norte-americano.

 

No sábado é a vez da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música descer à praça para um programa bem popular que inclui clássicos como a Sinfonia nº5 de Beethoven ou “La Donna è mobile” de Verdi e que é também uma oportunidade para escutar como o compositor Cláudio Carneyro se inspirou em trechos tradicionais como o “Malhão” ou “Senhora do Almortão” , para as suas Portugalesas.

 

Mas setembro é também mês do Optimus D’ Bandada que no dia 14 se vai repartir por vários espaços do Porto para um sábado inteiro de música. António Zambujo, Best Youth, Samuel Úria, Miguel Araújo, Little Friend ou Blaya são alguns dos muitos nomes que compõem o cartaz deste ano.

 

Com o Clube Fenianos Portuenses como quartel-general, a edição deste ano também apresenta como pontos de destaque a estafeta e a maratona musical organizada pela produtora Lovers & Lollypops, um palco de jazz, um espaço dedicado à declamação a cargo de Capicua e um palco com música tradicional portuguesa.

 

Setembro também será data para comemorar o 3º aniversário do Hard Club que promete uma “festa com a programação de sempre”. Isto quer dizer que no espaço do Mercado Ferreira Borges, entre 24 e 29 de setembro, vai ser possível ver em formato concentrado as propostas que enchem com regularidade o calendário do Hard Club ao longo do ano.

 

Retirado de Noticias ao minuto

O jovem clarinetista Tiago Bento, de 21 anos, ganhou o

 

O jovem clarinetista Tiago Bento, de 21 anos, ganhou o "Young Artist Competition", em Assis, Itália. Para participar no concurso, o músico de Albergaria-a-Velha teve de pedir dinheiro emprestado ao presidente da associação onde dá aulas.

O clarinete com que Tiago Bento ganhou o Young Artist Competition - um concurso inserido no ClarinetFest 2013, organizado pela Associação Internacional de Clarinete, em Assis, Itália - não foi uma paixão assumida desde o início mas, agora, é inquestionável.

Ao vencer o primeiro prémio do concurso, o jovem de 21 anos, residente em Busturenga, Ribeira de Fráguas, Albergaria-a-Velha, provou ser melhor do que 25 músicos dos Estados Unidos, China, Espanha, Hungria e Bielorússia, interpretando o repertório composto por "Concertino", de F. Busoni; "Sonata op. 128", de M. Castelnuovo-Tedesco; e "Three Studies for Clarinet Solo", de K. Husa.

 

Formou-se com 20 valores


"Já tinha ganho pequenos prémios em Portugal, mas o reconhecimento no estrangeiro foi diferente. Portugal tem muitos valores nesta área e este foi mais um passo importante para mim e para o país. Acho que me abriu portas para poder fazer carreira internacional a tocar clarinete", diz, confiante. Em breve espera voltar a fazer as malas e conhecer a Venezuela, onde participará no Festival de Clarinetes.

 

Os louros que Tiago Bento agora colhe são fruto de muito suor. Em pequeno, depois de testar o clarinete do irmão mais velho, pediu um trompete para si. Mas os parcos recursos financeiros dos pais ditaram que aprendesse e usasse o mesmo instrumento do irmão.

 

Só há dois anos comprou o primeiro clarinete e, ao vencer em Itália, ganhou outro. Nenhum deles é o "Tosca, de RC Prestige", o topo de gama com que sonha. Tiago sorri e não se queixa.

 

Aos 10 anos ingressou na escola do Grupo Desportivo e Cultural de Ribeira de Fráguas. Prosseguiu na orquestra ligeira da banda da Branca e, depois, no conservatório Calouste Gulbenkian, em Aveiro.

 

Os receios de não conseguir sustentar-se a tocar clarinete mantinham-se e levaram-no a frequentar a licenciatura em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações, na Universidade de Aveiro, enquanto terminava o último ano do conservatório, que concluiu com 20 valores. "Desisti da engenharia porque tive a certeza que o futuro que queria passava pela música", conta.

 

Inscrever-se na Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo, no Porto, treinar cinco horas por dia e dar aulas na escola da ARMAB (Associação Recreativa e Musical Amigos da Branca) são apenas parte de um caminho feito a pulso.

 

Tiago pagou a viagem a Itália com dinheiro emprestado pelo presidente da ARMAB e o dinheiro que ganhou em Itália servirá para ir à Venezuela. O futuro? Sorri de novo. "Um mestrado, experiências no estrangeiro, tocar numa orquestra". Um passo de cada vez.

 

Retirado do DN

 

Letra

 

Expensive Soul - Cúpido

O amor
Uma palavra é a luz
O que é que eu faço
Se é ele que me conduz

Também preciso
Do cupido que esculpiu
O teu sorriso
Esse que já me atingiu

Primeiro vem o faz, o pois, o sempre a dois
E o vivo só para ti
Agora quando vais, elevas tudo mais
Culpas-me sempre a mim

É infinito
Não tem tamanho, nem cor
Até acredito
Que talvez possa ser o amor

Tem o seu jeito
De mudar tudo em redor
E se for bem feito
Deixa-te no teu melhor

Primeiro vem o faz, o pois, o sempre a dois
E o vivo só para ti
Agora quando vais, elevas tudo mais
Culpas-me sempre a mim

Eu anseio e desejo que me toques agora...
È na hora embora 
me vejo um pouco a nora
Mas o que sinto cá dentro nao é o que transparece para fora
Ora bem
Ja me começas a conhecer como ninguém..
Amor, paixão seja o que for
Adoro, sentir o teu calor
Essa tua pele morena que é mesmo minha cena
Es tao serena que nem dá para criar problema
Es tu my baby boo
Tavas no meu baú
Procurei procurei ate que te encontrei
Nao foi facil mas o que importa é que te achei
Quero dar-te o que nunca dei
É o cupido sim eu sei...
Fui atingido mas tou bem
Toda a gente tem o direito de amar alguem
Quando eu quero espero e dou 
Porque é assim que faz de mim aquilo que eu sou

Primeiro vem o faz, o pois, o sempre a dois
E o vivo só para ti
Agora quando vais, elevas tudo mais
Culpas-me sempre a mim...

Espiral Trio


Centro Cultural Raiano, Idanha-a-Nova
Entrada livre | 22h

Sob a inspiração da música celta, o trio ESPIRAL conjuga as sonoridades do violino, da flauta transversal e da harpa celta na recriação de melodias que se destacam pela sua beleza e graciosidade. Uma formação  musical que enleva os sentimentos mais românticos e faz de cada actuação um momento especial, com um reportório alegre e delicado, criteriosamente seleccionado. Uma autêntica espiral de emoções!

http://www.facebook.com/espiraltrio

 

Letra

 

Se ainda não esqueceste
As manhãs em que a sorrir
Nos levantámos depois
De uma noite sem dormir
Se ainda não esqueceste
O acordar da tristeza
Ao ver as horas passar
E o jantar frio na mesa
Se ainda não esqueceste
Cartas que então te escrevi
Se ainda abres por vezes
Os livros que te ofereci
Se ainda sabes de cor
As cores que sempre vesti
Canções que sempre cantei
E as cores que sempre escolhi

Sabes,
Eu ainda passo
muitas noites sem dormir
Mas de manhã, ao levantar
Sinto frio e já não sei sorrir
E as cartas que te escrevo, humm...
Mas que acabo por rasgar
São sempre iguais
Só falam de amor
Pedem-te para voltar...

Se ainda não esqueceste
Os momentos de prazer
Que uma criança nos deu
Desde que a vimos nascer
Ao fim de um dia de Verão
Passeios à beira-mar
Deixando atrás pela areia
Os pés marcados a par
Se ainda não esqueceste
Os silêncios que quebrei
Para dizer-te a chorar:
"Foste o único que amei!"
Se ainda não esqueceste
O dia em que nasci
A nossa primeira noite
O pouco que te pedi

Sabes,
Eu ainda passo
muitas noites sem dormir
Mas de manhã, ao levantar
Sinto frio e já não sei sorrir
E as cartas que te escrevo
Mas que acabo por rasgar
São sempre iguais
Só falam de amor
Pedem-te para voltar...

Sabes,
Eu ainda passo
muitas noites sem dormir
Mas de manhã, ao levantar
Sinto frio e já não sei sorrir
E as cartas que te escrevo
Mas que acabo por rasgar
São sempre iguais
Só falam de amor
Pedem-te para voltar...

DJ Magazino: A idade maior

Deixou a baliza do Vitória de Setúbal e o curso de Direito para ser DJ. Tornou-se uma referência na electrónica portuguesa, mas pouco tem a ver com os clichés da área: acorda cedo, é obcecado por jornais e joga xadrez. Este ano Magazino celebra 18 anos de carreira e, até Outubro, vai tocar em 18 cidades portuguesas, na companhia de 18 músicos amigos

Nunca diz que é DJ. «Toco discos», prefere Luís Costa, mais conhecido como Magazino. De facto, foi o fascínio pela superfície lustrosa dos vinis e pela delicadeza com que a agulha pousava no disco que o fez despertar para a música. Hoje tem uma colecção que ultrapassa os sete mil exemplares.

 

Os pais ouviam quase em exclusivo música clássica e a Magazino não restou outra hipótese senão começar por aí. Tinha 10 anos e Schubert, Vivaldi ou Beethoven embalavam-lhe a vida. Mas depois chegamos anos 80/90. Os Sex Pistols, os Ramones, os Peste & Sida. Logo de seguida os Joy Division e os NewOrder. O mundo estava de pernas para o ar. Pelo menos o mundo de Luís.

 

Quando tinha uns 15 anos o irmão foi de férias a Benidorm e trouxe-lhe o vinil Hello Africa, do Dr. Alban. «Começava a sair à noite e quase não se ouvia electrónica. De repente, aquele disco marcou-me». De tal forma, que a carreira de futebolista – foi guarda-redes do Vitória de Setúbal entre os 9 e os 16 anos – foi ficando para trás. «Já não estava a gostar daquilo, passava a vida a ser castigado porque saía à noite na véspera dos jogos». Influenciado pelo pai, especialista em Direito do Trabalho, ainda tentou a universidade. Não passou do segundo ano. A música já tomava conta da sua vida. «Os meus pais não reagiram nada bem. Na altura, ainda mais do que agora, ser DJ era sinónimo de álcool e drogas». Eos pais não estavam assim tão enganados.

 

Aos 17 anos, Luís foi tocar para o Clubíssimo, clube underground de Setúbal, onde à sexta-feira lhe pagavam em copos e tostas-mistas e ao sábado recebia cinco contos. Ao fim de dois anos deixou-se cair no consumo de LSD e Ecstasy. «Consumia mesmo muito e aos 20 anos caí numa depressão. Comecei a ter ataques de ansiedade e percebi que não podia continuar assim. Apesar de tudo, a vontade de tocar discos era maior do que a vontade de consumir drogas».

 

Libertou-se e a sua carreira disparou. Enquanto DJ Del Costa editou por importantes labels internacionais, tocou nos EUA, na Rússia, por toda a Europa. Em 2002, subiu ao palco principal do Sonar, em Barcelona. Em Portugal, durante sete anos, Luís foiDJ residente dos loucos after-hours do Paradise Garage. «Já estava saturado e percebi que ‘DJ dos afters’ era um rótulo pouco positivo». Por isso, quando se dá o final dos afters, em 2006, rumou a Barcelona durante dois anos e reinventou-se. Enterrou o DJ Del Costa e criou o alter-ego Magazino. Uma escolha que só aparentemente não é óbvia: «Sempre bebi muita informação. Gosto de acordar cedo e leio o Le Monde, a Folha de São Paulo, o NY Times, leio imensas revistas e estou sempre a ver canais de notícias. Sou fanático pelo que se passa no mundo, é uma busca incessante». A sua busca incessante no mundo da música, encontrou razão de ser naquele nome.

 

No regresso a Portugal, Magazino aceitou o convite (dos DJ José Belo e João Maria) para se juntar à editora e promotora Bloop – grande responsável pelo regresso das matinés a Portugal. «Tudo corria bem. Mas um mês depois a minha mãe morreu. Foi a altura mais difícil da minha vida, durante quase dois meses não toquei. E foram eles que me ajudaram». No EP que lança este mês de Setembro, sob a chancela da Bloop, há uma faixa intitulada ‘22’, uma homenagem à mãe, que morreu a 22 de Dezembro, no quilómetro 22 da A2.

 

Nos últimos quatro anos Magazino tornou-se uma referência na música electrónica portuguesa, apontado como um dos cinco melhores DJ nacionais. Mas isso não lhe deu o reconhecimento das massas. «Dentro da minha estética musical sou reconhecido, mas agora a moda são os DJ que são actores e modelos. Há a ideia de que qualquer um pode ser DJ. Não é assim, é preciso estudar, saber estar atento ao feeling do momento e saber olhar para a pista e, dentro de uma esfera coerente, dar o que o público quer», diz. «Hoje, quando me contratam, já sabem que tipo de música toco, mas de vez em quando ainda me pedem a Shakira. Digo sempre que toco no final», brinca.

 

Sempre sonhou festejar os 18 anos de carreira. Sobretudo porque a data significa que, aos 35 anos de idade, já passou mais tempo a tocar discos do que a fazer qualquer outra coisa na sua vida. Assim, até Outubro andará em tournée por Portugal. «São 18 cidades, algumas onde nunca toquei, e 18 convidados como o Vibe, o Rui Vargas ou o José Belo». Braga, Aveiro, Guimarães, Lisboa, Porto e, claro, Setúbal, são algumas das localidades. Para trás ficam milhares de quilómetros e concertos e a memória remota daquela primeira vez que tomou conta de uma cabina de som. «Tinha tanto medo que levei uma cábula para baixo do gira-discos com os temas que ia tocar já definidos. Hoje em dia é o que mais critico num DJ. A incerteza de cada noite é o que me fascina». Como um jogo de xadrez, que Luís adora, onde o xeque-mate pode chegar quando menos se espera.

 

Retirado do Sol

 

Letra

 

Não importa sol ou sombra 
camarotes ou barreiras 
toureamos ombro a ombro 
as feras. 
Ninguém nos leva ao engano 
toureamos mano a mano 
só nos podem causar dano 
espera. 

Entram guizos chocas e capotes 
e mantilhas pretas 
entram espadas chifres e derrotes 
e alguns poetas 
entram bravos cravos e dichotes 
porque tudo o mais 
são tretas. 

Entram vacas depois dos forcados 
que não pegam nada. 
Soam brados e olés dos nabos 
que não pagam nada 
e só ficam os peões de brega 
cuja profissão 
não pega. 

Com bandarilhas de esperança 
afugentamos a fera 
estamos na praça 
da Primavera. 

Nós vamos pegar o mundo 
pelos cornos da desgraça 
e fazermos da tristeza 
graça. 

Entram velhas doidas e turistas 
entram excursões 
entram benefícios e cronistas 
entram aldrabões 
entram marialvas e coristas 
entram galifões 
de crista. 

Entram cavaleiros à garupa 
do seu heroísmo 
entra aquela música maluca 
do passodoblismo 
entra a aficionada e a caduca 
mais o snobismo 
e cismo... 

Entram empresários moralistas 
entram frustrações 
entram antiquários e fadistas 
e contradições 
e entra muito dólar muita gente 
que dá lucro as milhões. 

E diz o inteligente 
que acabaram asa canções. 


Nota:

Musica de Fernando Tordo. Escrito no final de 1972. Interpretada por Fernando Tordo, concorreu ao Festival da RTP de 1973 onde obteve o 1º lugar. Interpretado por Fernando Tordo no disco TECLA TE 20060.

Quer ver a sua banda ou espectáculo divulgados aqui?,
envie um email para: olharparaomundo (arroba) sapo.pt
Se tem alguma letra que eu não tenha encontrado, pode enviar para o mesmo email

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