A 14 de Março, Pedro Ayres Magalhães dava conta que a proposta para a reunião feita pelo promotor Ricardo Casimiro não estava ainda fechada, faltando para tal o acordo final de alguns dos músicos da formação original da banda de Brava dança dos heróis. Agora, é oficial. Está confirmado. Heróis do Mar no Pavilhão Atlântico, dia 30 de Novembro.
A banda que provocou um sobressalto estético e, inicialmente, uma polémica política e cultural no Portugal pop de início da década de 1980, apresentar-se-á na maior sala de concertos do país com a formação original: o baixista Pedro Ayres Magalhães, o vocalista Rui Pregal da Cunha, o guitarrista Pedro Paulo Gonçalves, o teclista Carlos Maria Trindade e o baterista Tozé Almeida. Os bilhetes custam entre 25 e 45 euros.
Inspirados pelo pós-punk e pela new wave que despontavam em Inglaterra, os Heróis do Mar propuseram-se a transpor para Portugal aquele mesmo desejo de alargar as fronteiras da música pop, com renovado sentido estético. Nesse sentido, foram únicos. Nas suas canções, e principalmente nos dois primeiros álbuns, o homónimo de 1981 e A Mãe (1983), a modernidade da música popular urbana cruzava-se com um referências iminentemente portuguesas: nas referências ao nosso imaginário imperial, visíveis na lírica e na iconografia; na forma como encontravam espaço na sua música eléctrica para ecos de ritmos africanos ou de bailes de romaria. O início de carreira foi marcado pela polémica que provocou, num país que vivera há menos de uma década a revolução democrática do 25 de Abril, o olhar orgulhoso para o passado da história, usado durante quatro décadas para propagandear a ditadura do Estado Novo. A polémica seria porém apaziguada, à medida que singles como Amor ou Paixão ganhavam imensa popularidade e transformavam os Heróis do Mar numa das mais bem-sucedidas bandas do país.
Ao longo de sete anos, entre 1981 e 1988, editaram quatro álbuns de originais (Heróis do Mar, A Mãe, Macau e Heróis do Mar IV) e o míni-LP Rapto. Enquanto a banda caminhava para o seu final, Pedro Ayres Magalhães começou a lançar os alicerces de um grupo que o país descobriria em 1987, quando da edição do álbum de estreia Os Dias da Madredeus.
Os Heróis do Mar regressam num momento em que o seu legado é reconhecido e aproveitado por uma nova geração de bandas e músicos que irromperam no cenário musical na primeira década do século XXI. Exemplo máximo: Manuel Fúria, o ex-Golpes que lançou este ano, a solo, o celebradoManuel Fúria Contempla Os Lírios do Campo, irá interpretar na íntegra A Mãe, o segundo álbum dos Heróis do Mar, num concerto integrado na programação Indie by Night do festival Indie Lisboa. Está marcado para 19 de Abril, no Ritz Clube. A edição online da revista Blitz adianta que Rui Pregal da Cunha, cuja voz ouvimos em Vá lá senhora, o single de maior sucesso d'Os Golpes, será um dos convidados do concerto.
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