Uma estalada de rock. É assim que Catarina, baterista, caracteriza o som das Anarchicks, banda de quatro raparigas dispostas a "falar de amor e outros temas universais" com riffs musculados, atitude... e algum glamour.
O desejo de criar as Anarchicks partiu da baixista, Helena. Alguns contactos, um casting e menos de um ano depois surge“Really?!”, o álbum de estreia do quarteto feminino.
“O nosso som resulta da química que se gera entre nós as quatro, não é uma coisa que custou muito alcançar, foi imediata com a nossa junção”, conta Ana, guitarrista, o último elemento a integrar o grupo.
“Logo no primeiro encontro na sala de ensaios percebemos que podia haver aqui potencial”, acrescenta Catarina, a baterista, salientando que agora é altura de “alimentar” esta dinâmica que acaba por se refletir no trabalho das Anarchicks.
Afoitas, estas quatro raparigas já deram concertos em autocarros, atuaram em inaugurações de lojas, lançaram um EP de forma independente e partilharam o palco com nomes como Bizarra Locomotiva. Aos poucos, 2012 foi um ano de pequenas grandes conquistas para o grupo que, assim, tem sabido colocar-se debaixo dos holofotes.
É neste contexto que surge “Really?!”, álbum de estreia dominado por “um rock muito sincero, música de impacto, com algumas influências punk e algum electro”, conta Catarina. A baterista confessa admiração nomes como Breeders, Bikini Kill ou os mais recentes Gossip, mas ao ouvirmos “Really?!” também nos lembramos dos longínquos X-Ray Spex ou Raincoats (onde, curiosamente, militava uma portuguesa, Ana da Silva), num alinhamento que cruza cenários do pós-punk de finais dos anos 1970/inícios de 1980 com a crueza do grito riot grrrl, uma década depois, e a recontextualização feita nos anos seguintes por bandas como as Le Tigre (de quem as Anarchicks se aproximam nos momentos mais eletrónicos).
Com o disco pronto, é altura de Ana, Catarina, Helena e Priscila se atirarem aos palcos. O concerto de apresentação decorreu no Musicbox, em Lisboa, numa sala esgotada e quase sempre efusiva ao longo de uma hora. Apesar de concentradas a promover o novo disco, Ana e Catarina salientam a magia das atuações. “Acho que ao vivo é uma experiência diferente, é uma coisa muito mais imediata, há muito mais contato entre a banda e o público, e acho que temos muito a ganhar dos concertos em relação ao álbum”, diz Ana. Partilhando do mesmo entusiasmo, Catarina acrescenta que “o álbum é uma coisa mais trabalhada e polida, mas o concerto é mais extravasante”.
O facto de as Anarchicks serem uma banda só de elementos femininos diferencia-as no universo musical português, mas a baterista desvaloriza essa percepção. “Há algumas ideias estereotipadas que se diluem imediatamente depois de um concerto porque deixamos de ser só raparigas e passamos a ser músicas que estamos em cima de um palco”, conclui Catarina.
A anarquia de “Really?!”, gravado nos Blacksheep Studios por Makoto Yagyu (PAUS, If Lucy Fell, Riding Pânico) e Fábio Jevelim (Blasfêmea), já está nas lojas e promete ter continuação (e expansão) num palco próximo ao longo de 2013.
@Gonçalo Sá e Inês Alves
Retirado de Sapo Música