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A Música Portuguesa

Em terras Em todas as fronteiras Seja bem vindo quem vier por bem Se alguém houver que não queira Trá-lo contigo também

A Música Portuguesa

Em terras Em todas as fronteiras Seja bem vindo quem vier por bem Se alguém houver que não queira Trá-lo contigo também

 

Letra

 

[Verso 1: Azagaia]
Tudo começou com pedaços de unhas que venderam
Quando descobriram que era a cura para as doenças que aprenderam
Então cortaram unhas e depois resolveram
Caçar unhas nos cadáveres que se desintegram
Depois alguém disse que o cabelo também é remédio
Misturado com as unhas faz o pênis ficar um prédio
Muitos ficaram carecas pra crescer esse negócio
Até comprava-se réguas pra oferecer a cada sócio
A seguir descobriram a utilidade do suor
Então alguém suava pra o outro ganhar melhor
Vendia-se em colherinhas esse líquido com sal
Misturado com saliva cuspida e cheirava mal
Saliva, já ninguém cuspia de borla
Cada litro produzido, valia um Dólar
Esse era chamado o negócio da liquidez
A saliva de cada dia era paga ao fim do mês
Dizem que ninguém sabia ao certo o que era certo
Mas o negócio rendia quando a fome chegava perto
Tudo se vendia a centímetro ou a metro
Naquele ano cada vida era um objecto

[Refrão: Macaia ]
Tu tens a chance de ser a minoria
E conseguir mostrar que o amanhã
Que o amanhã pode ser usado por cada um de nós
Para provar que a esperança não morre

[Verso 2: Azagaia]
Das raças misturadas surgiam novas raças
Então a fome batia a porta de novas casas
Essa fome era maldita e chegava de repente
E foi aí que descobriram que se podia vender gente
Às vezes por inteiro, outras vezes em bocados
Muitas vezes por dinheiro, outras vezes por um cargo
Novo de chefia numa empresa da capital
E assim decepava-se outra cabeça nacional
As autoridades perderam autoridade sobre esse crime
Deixou de ser crime, virou fraqueza do regime
Uns dormiam gradeados com medo de perder um braço
O mercado especulativo pagava bem por um pedaço
E pra matar a fome há quem matava uma pessoa
Quantos perderam a vida pra os outros ganharem vida boa?!
Naquele ano já nem se pensava em matar animais
As pessoas pesavam-se em Dólares ou Meticais
E digo mais... surgiram os canibais
Com a fome daquele ano, filhos comeram pais
Quando a barriga rói, há sempre um atalho
Toda gente já sabia o que se vendia no talho
Sem trabalho, sem perspectiva de vida
No ano da fome, nenhum beco tinha saída
Mata-se por comida, e todos eram comida
Todos mentiam, mas a verdade era sabida

[Refrão: Macaia ]
Tu tens a chance de ser a minoria
E conseguir mostrar que o amanhã
Que o amanhã pode ser usado por cada um de nós
Para provar que a esperança não morre

[Verso 3: Azagaia]
Havia fome, mas era necessário haver lei
É que no meio dos escravos há sempre quem quer ser rei
Foi aí que se decidiu que não podiam morrer todos
Todos eram valiosos mas valiam mais os outros
Então foi decretado, só se matava os diferentes
Estrangeiros, aleijados, mendigos e indigentes
Raças misturadas com cores irreverentes
Os compradores analisavam os olhos e os dentes
A febre era total, coitados dos albinos
Eles foram perseguidos e vendidos como caprinos
Muitos clamaram a Deus pelos seus destinos
Com medo que a fome viesse buscar os seus filhos
Pandemônio
Cada Homem era um demônio
Ninguém podia confiar no seu próprio neurônio
Quanto mais no do vizinho
Houve quem viveu sozinho
Houve quem morreu com todos
Embriagado pelo vinho
Mas depois daquele ano tudo ficou mais estranho
Todos ficaram diferentes na cor e no tamanho
A mistura era completa, todos podiam ser mortos
E foi aí que todos temeram apontar os outros

[Refrão: Macaia ]
Tu tens a chance de ser a minoria
E conseguir mostrar que o amanhã
Que o amanhã pode ser usado por cada um de nós
Para provar que a esperança não morre

 

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